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“O zelo implica em reforma”

Certa vez, em um curso de leitura dinâmica, o professor chamou a atenção dos alunos para as palavras mais usadas em cada época e contexto. Termos como “impeachment”; “internet”, “informática” foram usados como exemplos duma infinidade de neologismos, que hoje não mais causam estranhamento aos nossos ouvidos. Ao contrário dos anos 90, que nos trouxeram palavras novas, a atualidade nos tem feito conviver com o peso semântico da palavra “reforma”. Praticamente, todos os meios informativos, inclusive as redes sociais, mesmo que discretamente, têm aventado o termo “reforma”, quer política, previdenciária, judicial e, por que não religiosa?

Em meio a tantas reformas, o momento se mostra propicio para que se relembre o marco histórico de 1517, que moveu um pequeno grupo da Igreja cristã a voltar-se às Escrituras. Desde de então, a Reforma Protestante vem sendo lembrada por todos os cristãos que têm a Palavra de Deus como regra de fé e prática. Quando a Bíblia é tida como aferidor da fé, sempre que houverem quaisquer distanciamentos da sã doutrina, o caminho para a lucidez se fundirá com o dos Reformadores. Somente as Escrituras, afirmaram eles! Só a Fé; só a Graça; Somente Cristo e, a glória, somente a Deus! A caminhada cristã, sem esses operadores, infelizmente se mostra vulnerável a todos os ventos de doutrinas.

Embora pareça desnecessário, mas não custa ressaltar que reforma se difere de descaracterização do projeto original. Daí o termo Reformadores ser bem aplicado aos que não se conformaram com mudanças incongruentes, no que tange à originalidade da Igreja Cristã. Deve-se tomar muito cuidado para não que transpareça a ideia de que a Igreja da Reforma se originou com o movimento reformista do século XVI. Essa observação se faz pertinente, uma vez que, muitos seguimentos religiosos, dissidentes do
Pensamento Reformado, procuram desvencilhar-se da história da Igreja ocidental, como um meio de se eximirem dos erros que mancharam a Igreja Militante.

Visto ser a Igreja composta de pecadores, mesmo que regenerados, até a sua glorificação, reformas e mais reformas sempre ocorrerão. Daí ser comum em meio aos reformados, o pensamento de uma Igreja sujeita à Reforma, sempre que essa se fizer necessária. Paulo orienta a Timóteo a ter cuidado, tanto de si mesmo, como da Doutrina. Nesse exercício, tanto o Evangelista, como os que se achavam sobre o seu cuidado pastoral, foram beneficiados. Foi a cuidar de si mesmo e da Doutrina que Lutero disse: “Ainda que haja em Worms, tantos demônios como quantas sejam as telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí entrarei”. Ao ser orientado a retratar-se respondeu: “…a minha consciência tem de ficar submissa à Palavra de Deus”.

Quando escritor aos Hebreus registrou a nuvem de testemunhas que andou por fé, está nítido que ele não citou todos os servos do passado; é bem possível que, em seu entendimento, os que foram mencionados bastariam para mostrar a Igreja que é imprescindível ao cristão o andar pela fé. Sem dúvida estes “heróis da fé” deixaram a desejar em alguma época de suas vidas, por isso no capítulo 12 da Epístola mencionada, o escritor faz questão de apresentar Jesus como Autor e Consumador da fé. É bem provável que alguém diga: Lutero pecou nisto, Calvino naquilo, Zuínglio também errou. Sem dúvida pecaram, mas, assim como Josias, procuram moldar suas vidas conforme à Palavra Deus.

Foi a reparar os estragos que haviam na Casa do Senhor que o Livro da Lei foi encontrado. Foi a preocupação de Josias com descaso pelas coisas sagradas que o fez um grande reformador, não só física, também, espiritualmente em reinado. O que se nota de comum entre os reformadores de todas as épocas é a submissão à Palavra de Deus. Para que a Igreja Reformada continue sempre se reformando é preciso que as Escrituras sejam colocadas em evidência e não relegadas ao esquecimento nos bancos das igrejas, nos porta-luvas dos carros, nos armários das casas… enfim, devem ser Lâmpada para os nossos pés e Luz para nossos caminhos.

Rev. Reginaldo Vieira Naves