por Edegar de Sousa Castro, Juiz de Direito Titular da Terceira Vara Criminal de São Bernardo do Campo e membro do Grupo de Juízes e Promotores Cristãos
No último dia 1º de janeiro, os senhores, candidatos eleitos no pleito de 2020, tomaram posse de seus cargos.
Grande privilégio, assim, a providência divina lhes outorga, uma vez que, a partir de então, boa parte dos destinos dos municípios brasileiros está confiada aos senhores.
E digo que a providência lhes concede tal honra porque, conforme ensinam as Sagradas Escrituras, “…não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas”1.
Estejam, portanto, sensíveis à voz bendita daquele que permitiu aos senhores o exercício dos cargos dos quais tomaram posse, tendo sempre em mente a advertência bíblica de que “…àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido”2.
Lembrem-se, também, que os olhares de toda a comunidade agora se voltam aos senhores, esperando que honrem os votos recebidos.
E isso porque, na verdade, dentre todos os crimes que se tem conhecimento, a corrupção na vida pública é, sem dúvida, o mais ignóbil. É a corrupção mais abjeta que crimes tidos por hediondos, como o tráfico de drogas, o homicídio qualificado e o estupro, pois, através dela, alimentos são desviados, a educação é prestada de forma deficitária, o atendimento médico deixa de ser levado a quem dele necessita e as obras públicas não são realizadas. A corrupção, em suma, de forma surda e covarde, mata milhares de pessoas que, de outra forma, nunca seriam atingidas pelo braço maligno do crime.
Talvez seja por esse motivo que Thomas Jefferson, em célebre frase, afirmou que “Toda a arte de governar consiste na arte de ser honesto”.
E não se imagine que a corrupção seja um fenômeno do nosso tempo, em especial do nosso querido Brasil.
A corrupção, infelizmente, acompanha a humanidade há séculos, desde que o homem se afastou do ideal divino, tal como podemos encontrar nas Escrituras Sagradas.
O profeta Ezequiel, séculos antes do nascimento de Cristo, referindo-se à nação de Israel, afirmava que “Os seus príncipes (…) são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas, e ganharem lucro desonesto”3.
Mas não é porque a humanidade, de há muito, convive com a corrupção, que devemos deixar de combatê-la, como se fosse um fenômeno inevitável.
O combate à corrupção, na realidade, é tarefa constante, para a qual todo cidadão é chamado, pois o político desonesto é uma chaga social que deve ser extirpada a qualquer custo.
Em especial, são chamados para tal tarefa aqueles que, pelo voto popular, estão assumindo um cargo público e devem zelar pelo prestígio da função.
E, para tanto, devemos, mais uma vez, recorrer à sabedoria eterna, expressa na Bíblia, a palavra de Deus revelada aos homens.
O grande rei israelita Davi, inspirado pelo Criador, recomendava: “Vocês, reis da terra, sejam sensatos! Líderes do mundo escutem as palavras de Deus enquanto há tempo! Sirvam obedientemente ao Senhor; respeitem a Deus e façam dEle a sua fonte de alegria”4.
Já o extraordinário rei Salomão, tido como o maior sábio que já viveu na terra, recomendava aos governantes: “Use sua autoridade para fazer justiça e ajudar os pobres e necessitados”5.
Também é de Salomão a advertência de que “Abominação é para os reis o praticarem a impiedade; porque com justiça se estabelece o trono” 6.
Embora, à primeira vista, tais recomendações só se refiram aos governantes, não se pode esquecer que foram lançadas em uma época em que o rei enfeixava em suas mãos o poder de administrar, legislar e julgar.
Assim, tudo o que até aqui foi exposto também se aplica àqueles que irão, daqui por diante, representar o Poder Legislativo.
Não obstante, trazem as Sagradas Escrituras exortações específicas aos que são incumbidos de promulgar as regras que nortearão os destinos da sociedade.
A tais pessoas, exorta a palavra de Deus: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão”7.
Devem os nossos legisladores, assim, meditar seriamente na advertência divina, deixando de lado interesses pessoais e sem considerar, do mesmo modo que também devem fazer os governantes, a impopularidade de eventuais medidas que se afigurem necessárias para o bem comum.
A respeito, e para arrematar, lembre-se da preciosa lição de James Clarke: “Um político pensa na próxima eleição; um estadista, na próxima geração”.
Espera a população brasileira, dessa maneira, que estejamos, nos próximos quatro anos, diante de grandes estadistas!
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Notas: