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Parte 1 de 2

Instruções sobre o mandato social. Teologia bíblica do cap. 3 da carta do Apostolo Pedro

A conduta que Deus quer do homem e da mulher é manifesta nas Escrituras. O Senhor quer que tenhamos postura santa. Agostinho na sua obra A Predestinação dos Santos diz:

Consideremos as palavras do Apóstolo e vejamos se nos escolheu antes da criação do mundo porque haveríamos de ser santos e irrepreensíveis ou para que o fôssemos. Diz ele: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis. Portanto, não porque seríamos, mas para sermos. Assim, pois, isto é certo e evidente: seríamos santos e irrepreensíveis pelo fato de nos escolher, predestinando-nos para o sermos pela sua graça. (AGOSTINHO, 1999. p.61)

 A obediência a uma conduta correta diante de Deus gera paz e equilíbrio. Shalom é o relacionamento correto de todos os seres humanos para com todos, bem estar e vida para todos. Sobre a importância das Escrituras como meio de graça na vida do cristão, o Breve  Catecismo de Westminster na sua pergunta 89 diz:

Como a palavra se torna eficaz para a salvação? O Espirito de Deus torna a leitura, especialmente a pregação da Palavra, meios eficazes para convencer e converter os pecadores, para edificá-los em santidade e conforto, por meio da fé para a salvação. (WESTMINTER, 2016, p. 70)

Qual o papel da mulher dentro de sua casa? E quanto ao homem? Será que as Escrituras nesta carta de Pedro traz alguma orientação? Por certo que sim!. Quais as orientações que a Palavra de Deus dá para que haja paz? Neste primeiro momento veremos aquilo que as Escrituras requerem da mulher cristã

A MULHER DEVE SER SUBMISSA (VERSOS 1-2)

As instruções continuam. Pedro depois de dar instruções aos servos (2.18-25) começa o verso dizendo:  “Semelhantemente, de igual modo. Qual é a ligação que Pedro quer fazer?

– Que a submissão faz parte da vontade do Senhor. (2.13)

– Que a submissão é necessária para o bom andamento das coisas

– Tanto em 2.18 quanto em 3.1 a submissão é requerida para o bom funcionamento das relações patronais e familiar.

Pedro usa um verbo “sujeitai-vos, submetei-vos” este verbo é um particípio com sentido de imperativo presente passivo. O que Pedro está querendo dizer? Ele está ordenando. Não é uma opção. A ideia do tempo do verbo é que a submissão deve ser contínua. A voz do verbo é passiva, ou seja, a submissão é imposta a mulher. Kistemaker em seu comentário diz o seguinte:

Pedro aconselha as esposas crentes a se submeterem aos seus próprios maridos para que, por meio de sua conduta exemplar, possam levar os esposos a Cristo. No grego, Pedro acrescenta o adjetivo próprios para enfatizar a união do casamento. Ele restringe sua discussão à família como unidade, e não a aplica à sociedade. Pedro ensina que, dentro dos laços do matrimônio, o marido tem autoridade à qual é esperado que a mulher se submeta. Ele não dá nenhuma indicação de que um dos cônjuges é superior ao outro, mas deixa transparecer que apenas ao se submeter ao seu marido é que a esposa “mostra seu respeito pela ordem divina do relacionamento humano”, ou seja, nem Pedro e nem Paulo formulam regras para maridos e mulheres; o próprio Deus estabeleceu as normas para o casal (ver, por exemplo, Gn 3.16; ICo 11.3; Ef 5.22; Cl 3.18). (KISTEMAKER, 2006, pags. 162-163)

As Escrituras dizem que o homem é o cabeça da mulher. Quem fez assim? Se não o próprio Deus. Qual a razão da submissão? Paz e equilíbrio no lar. Sobre a compreensão correta de ser auxiliadora, Groningen em seu livro A Família da Aliança diz: “Nós queremos enfatizar que quando Deus disse que faria uma auxiliadora, Ele estava dizendo a Adão: Eu darei a você alguém que espelha um outro aspecto da minha imagem”. (GRONINGEN, 2002, p. 88). Robertson em seu livro: O Cristo dos Pactos segue a mesma linha quando diz “ a mulher é auxiliadora correspondente ao homem. O homem é a cabeça da mulher, amando-a como a si mesmo.” (ROBERTSON, 2002, p. 75). Todavia, quando houve a queda o Senhor deu maldições especificas tanto ao homem quanto a mulher. Robertson em seu livro: Cristo dos Pactos analisando Gn 3.16 diz “A mulher desejaria seu marido, não no sentido de dependência excessiva, mas no sentido de determinação excessiva de dominar. Seu anelo será de possui-lo, controlá-lo, dominá-lo.” (ROBERTSON, 2002, pags. 97-98) Robertson continua dizendo “Deus pronuncia a maldição por causa da situação que surgiu originalmente de sua usurpação da prerrogativa do marido.” (ROBERTSON, 2002, p. 98) O Senhor dá a ordem que a mulher fosse submissa visando estabelecer o equilíbrio dentro do lar.

Na continuação do verso Pedro aborda uma situação. Muitas irmãs foram chamadas pelo evangelho. Mas seus maridos não. O que estas irmãs deveriam fazer?  Dar exemplo. Serem submissa. A ênfase do texto recai sobre o proceder da irmã com maridos ímpios. O texto também não fala que a submissão só deve existir em casos de mulheres crentes com maridos ímpios. O texto no original traz o pronome indefinido tinej “alguns”, ou seja, pressupõe que existem outros que professam fé. Então a conduta da mulher cristã precisa ser uma só. O texto traz algo importante  “conduta, comportamento, estilo de vida”. O proceder, estilo de vida está ligada a questão da submissão. Quando a questão é submissão parece que acende uma luz vermelha de perigo para muitas mulheres que, infelizmente, tem sido vítimas da compreensão errada que muitos homens têm. Todavia, também temos a revolta que é patrocinada por muitas feministas que veem na questão da submissão o cerne da violência no lar. Sobre a questão da violência Groningen em seu livro A Família da Aliança falando a respeito de um ensaio feito por Wendy McElroy diz:

A última pesquisa conduzida pelo governo americano mostra que houve um declínio no mínimo de violência sexuais contra as mulheres de 20% entre os anos de 1992 a 1993. A mesma pesquisa que indica que uma mulher é espancada a cada quinze segundos, também descobriu que um homem é espancado a cada catorze segundo por uma companheira. Ela comentou que essa pesquisa indica que 54% de toda a violência doméstica grave é cometida por mulheres. (GRONINGEN, 2002, p. 84)

Qualquer tipo de violência familiar é uma demonstração da desordem que há por causa do pecado.  Groningen em seu livro A Família da Aliança diz “muita violência é cometida na família pelo homem, tanto quando, se não um pouco, pelas mulheres na família. Isso é trágico. Essa nunca foi a intenção de Deus. (GRONINGEN, 2002, p. 85).

Para se ter paz, tem que haver compromisso entre as partes. Como estamos trabalhando o papel da mulher, faz-se necessário sabermos que o Senhor lhe estabeleceu deveres também. De fato estabeleceu. Existem algumas questões que devem ser avaliadas.

Quando a mulher não toma conta de sua casa, ela está tendo um proceder correto?

Quando a mulher não toma conta dos filhos, de seu marido, ela está tendo um proceder correto?

Quando a mulher se preocupa com seu trabalho e se esquece de seu lar ela está tendo um proceder correto?

As Escrituras dizem: A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão nos seus ossos. Provérbios 12.4. No caso das irmãs que tem maridos ímpios, além de serem submissas, pois é a vontade de Deus, elas também devem ser assim por causa de seus maridos. Pedro diz: (…) para que também se alguns não obedecem a Palavra, através do proceder das mulheres serão ganhos. Pedro usa o verbo “ serão ganhos” este verbo é um indicativo futuro. A ideia do verbo é ganhar para um ponto de vista. O significado aqui é que o comportamento habitual da esposa era uma vitrine da realidade e poder da religião; através do seu proceder ela mostrar que a verdade teve influência no temperamento dela, nas palavras dela, no comportamento inteiro dela. E através destas atitudes ela anuncia Cristo para o marido.

O verso 2 descreve o que acontece quando as santas de Deus procedem da forma correta. Pedro usa o verbo   “Tendo postos os olhos sobre, observando” este verbo é particípio aoristo ativo. Qual é a ideia? Os maridos ímpios percebem a mudança de atitude no sessar das reclamações e das intransigências. As que tinham práticas sujas não têm mais. Elas agora têm práticas honestas e um comportamento exemplar. Elas não batem de frente com eles, elas não passam por cima da autoridade de seus maridos. Elas têm um comportamento honesto e cheio de temor a Deus. Por isso, elas agem agora assim. O Dr. Augustus Nicodemus Lopes juntamente com sua esposa Minka Schalkwijk Lopes em seu livro: A Bíblia e sua família, fazendo uma exposição sobre as implicações para o conceito de submissão elencam algumas características: “ore por seu marido; Permita que ele exerça a autoridade e a liderança no lar; seja o complemento de seu marido.” (LOPES, 2007, pags. 54-56). Fazendo isto a esposa cristã testemunhará a sua fé. Sobre o impacto do testemunho que o cristianismo teve sobre a sorte das mulheres, os escritores Kennedy e Newcombe relatam em seu livro: E se Jesus não tivesse nascido? Algo bem curioso sobre uma fala de Spurgeon. “Charles Spurgeon contou sobre uma mulher hindu que disse a um missionário: certamente sua Bíblia foi escrito por uma mulher, Por quê? Ele perguntou. Porque diz tantas coisas boas para as mulheres (…)” (KENNEDY E NEWCOMBE, 2003, p. 32).

DEVE TER UM ESPÍRITO MANSO E TRANQUILO (VERSO 3-4)

Pedro continua dando instruções. No verso 3 o apóstolo vai tratar sobre os adornos que todo mulher gosta e que faz parte de sua natureza. O que Pedro quer dizer com estas instruções? Pedro está proibindo? Não! Pedro está falando o que Paulo também fala em 1 Timóteo 2. 9 “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso”. O excesso nesta área está bem exemplificado na literatura e arte pagã do primeiro século. Um exemplo é um levantamento sobre as roupas e adereços usados pelas mulheres romanas no Império Romano.

As roupas femininas eram muito semelhantes às masculinas, exceto pelo uso de um corpete macio conhecido como strophium. A túnica era mais comprida do que a masculina e chegava até os pés. Podia ser feita de lã, linho ou algodão e as romanas ricas usavam de seda. Ao contrário do que pensa seus trajes eram coloridos: vermelhos, amarelo e azul eram as cores preferidas e também costumavam ser ornamentados com uma franja dourada ou ricamente bordados. Sobre a túnica usava-se a stola parecida com a toga, era usada em público. Era comum cobrir a cabeça em público, mas os penteados eram muito importantes para as romanas, e se tornaram muito elaborados na época de Messalina, requerendo os serviços de uma ornatrix, que passava horas arrumando os cachos das senhoras em mechas e num coque conhecido como tutulus. Os cabelos louros eram uma moda e mulheres de cabelos escuros faziam descolorações, também era comum o uso de perucas e apliques. Os luxos das jóias era também apreciado, homens e mulheres as usavam. Técnicas como esmaltagem e damasquinagem foram trazidas do oriente, e as mulheres usavam brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras, anéis e tiaras para o cabelos em ouro, pedras preciosas, marfim e até camafeus. (Disponível em http://facedobrasil.blogspot.com.br/2012/04/historia-da-moda.html acessado em 17 de maio de 2018)

Quanto à mulher cristã? Será que as Escrituras estabelecem princípios pelos quais as santas podem nortear suas vidas? Sim.

Deve a mulher usar um tipo de roupa sensual que desperta o interesse nela por parte dos homens? Provocando mal estar entre as mulheres de homens casados?

Deve a mulher ser extravagante em seus cabelos e maquiagem?

Deve a mulher usar certo tipo de roupa que ostenta orgulho e luxuria?

A Resposta para estas perguntas é um sonoro, Não! Pedro no verso 4 estabelece o que é mais importante e o que a mulher cristã deve ter. O ouro e o aparato externo são corruptíveis e desaparecerão. Kistemaker em seu comentário diz o seguinte:

A beleza é tão profunda quanto a pele, diz o conhecido provérbio. Observe que, ao aconselhar as mulheres casadas de sua época, Pedro capta o sentido desse provérbio. Ele está mais preocupado com o seu charme interior do que com sua beleza exterior. (KISTEMAKER, 2006, p. 165)

Porém o espírito manso e tranquilo é muito precioso aos olhos de Deus. Kistemaker em seu comentário diz o seguinte:

Além disso, a mulher cristã deve ter um espírito “tranquilo”. Uma mulher mansa e de espírito tranquilo não deve jamais ser subestimada, pois mansidão não é o mesmo que fraqueza, e tranquilidade não é o mesmo que apatia. As mulheres mais realizadoras são aquelas que possuem as qualidades interiores da mansidão e tranquilidade. Por causa dessas qualidades, a mulher cristã é grata aos olhos de Deus. (KISTEMAKER, 2006, p. 166)

A Escritura tem o coração como esfera de influência divina (Rm 2.15; At 15.9). O coração por situar-se no profundo do íntimo, contém o homem interior, oculto, o homem real. Que teus sentimentos mais íntimos sejam unidos ao incorruptível. Pedro faz um contraste entre os adornos extravagantes das mulheres ímpias e o incorruptível adorno que as mulheres santas deviam ter. Este incorruptível adorno era um espírito manso e tranquilo. Kistemaker em seu comentário sobre a primeira carta de Pedro considera o seguinte

Sua beleza não deve vir de adornos exteriores. Devemos ler os versículos 3 e 4 em conjunto e ver qual é a comparação que Pedro faz. Ele compara a beleza exterior da mulher com sua graça interior, e ensina que esta última é muito mais importante do que a primeira. Pedro não diz que uma mulher não deve se enfeitar, ele não escreve nenhuma proibição contra o uso de cosméticos ou de roupas atraentes. A ênfase de Pedro não está na proibição, mas num senso adequado de valores. (KISTEMAKER, 2006, p. 165)

Destacavam –se nas irmãs, a atitude, a maneira de tratar o esposo, os filhos, e os empregados. Existe um testemunho da Igreja primitiva que fala sobre a atitude de Ágata. Eis o testemunho de uma cristã que apesar de ser bela era mais notada pela sua piedade e pela sua fidelidade ao Senhor Jesus.

Ágata, uma bonita dama siciliana, não era tão notada por seus dotes naturais, mas por sua piedade. Tal era a sua formosura que Quintiano, governador da Sicília, apaixonou-se por ela e fez muitas tentativas de vencer sua castidade; todas, porém, sem êxito. A fim de satisfazer mais facilmente suas paixões, colocou a virtuosa dama nas mãos de Afrodica, mulher infame e depravada. Esta miserável usou todos os artifícios para arrastá-la à prostituição; contudo, viu falidos todos os seus esforços, pois a castidade de Ágata era inexpugnável, e ela sabia muito bem que só a virtude poderia dar-lhe a verdadeira felicidade. Afrodica fez saber a Quintiano a inutilidade de seus esforços, e este, enfurecido ao ver seus desígnios frustrados, tornou sua concupiscência em ressentimento. Quando Ágata se confessou cristã, ele decidiu satisfazer-se com a vingança, desde que não podia gratificar-se com a paixão. Por ordens suas. Ágata foi flagelada, queimada com ferros em brasa e descarnada com ganchos de ferro. Ao suportar estas torturas com admirável força, foi posta nua sobre brasas misturadas com vidro, e logo devolvida ao cárcere, onde expirou no dia 5 de fevereiro de 251 d.C. (Disponível em https://igrejamilitante.wordpress.com/2013/03/10/breve-relato-da-perseguicao-aos-cristaos-primitivos-e-a-igreja-catolica/ acessado em 17 de maio de 2018)

Ora depois de tão magnífico testemunho não é sem significação que as Escrituras dizem: Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas joias. O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Provérbios 31. 10-12. Pedro diz que estas atitudes possuem grande valor diante de Deus. Os atos que as santas de Deus fazem nesta vida visando o louvor e a glória de Deus certamente serão recompensados. Como cristã, cada irmã deve avaliar sua vida e perceber se tem tido espírito manso e tranquilo com seu esposo, seus filhos. E aquelas que ainda não tem marido que aprendam desde já o que Deus requer de suas filhas. Kistemaker em seu comentário diz:

Que é de grande valor aos olhos de Deus. O que conta não é a avaliação que o homem faz do espírito manso e tranqüilo, mas a avaliação de Deus. Pedro emprega o termo “de grande valor” quando fala das qualidades interiores de um espírito manso e tranqüilo. Esse termo é a mesma palavra grega que Paulo usa para descrever roupas “dispendiosas” (lTm 2.9). Deus, portanto, tem em alta estima essas qualidades na mulher que lhe é temente. (KISTEMAKER, 2006, pags. 166-167)

A irmã em Cristo deve ter discernimento de tudo isto, pois, como diz Bavinck em sua Teologia Dogmática volume III:

Aqueles que violam a lei se tornam mais justamente presos às suas exigências. Deus nunca abre mão de seu direito sobre o pecador. Aqueles que se posicionam fora da lei são atingidos por sua maldição. A ira divina é uma realidade em vigor ao longo de toda a criação. (BAVINCK, 2012, p. 163)

DEVE SE ESPELHAR NAS SANTAS MULHERES (VERSO 5-6)

Pedro fala para as irmãs que as atitudes corretas outras santas de Deus tiveram no decurso da história. Ele começa o verso 5 dizendo:   “Assim, dessa maneira” em outros tempos as santas mulheres que esperavam em Deus. Pedro usa um verbo aqui “” esperavam” este verbo é um particípio presente ativo. A espera era contínua, vívida. E elas esperavam em quem? Em Deus. Estas mulheres esperaram com espírito manso e tranqüilo e eram submissas a seus maridos.

Pedro usa o verbo “” sujeitando-se, submetendo-se. Este verbo é um particípio presente passivo. Pedro corrobora a doutrina da submissão da mulher ao seu marido. Esta doutrina não era algo novo, estranho. Era a vontade de Deus conhecida desde os tempos primitivos. No verso 6 ele dá o exemplo de Sara; interessante Pedro citar Sara. Abraão é o Pai da fé. O texto mostra as santas de Deus como filhas de Sara. A Ideia é o exemplo. Kistemaker em seu comentário diz:

Pedro volta-se para o Antigo Testamento a fim de provar que ele não é o único a dizer como as mulheres devem viver com seus maridos. Apela para um modelo estabelecido na época do Antigo Testamento que enfatiza o valor espiritual. Quando chama as mulheres do passado de “santas”, Pedro não quer dizer que eram perfeitas; refere-se ao seu relacionamento com Deus, pois seu espírito manso e tranqüilo era precioso aos olhos de Deus. (KISTEMAKER, 2006, p. 167)

E como prova deste exemplo as Escrituras dizem que Sara chamava Abraão de meu senhor. Existem algumas considerações que precisam ser feitas a respeito de Sara.

O texto diz que ela obedeceu a Abraão. O verbo “” obedeceu é um aoristo ativo, denota uma ação completa. As Escrituras relatam Sara como uma mulher obediente.

Ela chamava Abraão de senhor, reconhecia-o como cabeça da casa.

As esposas cristãs tornar-se-iam verdadeiras filhas de Sara pela semelhança espiritual. Kistemaker em seu comentário diz:

O que tornava essas mulheres santas? Em primeiro lugar, elas “esperavam em Deus”. Apesar de não terem seus nomes citados, essas senhoras dos primeiros séculos tinham uma coisa em comum: sua esperança estava em Deus (ver lTm 5.5). “A esperança em Deus é a verdadeira santidade”.12 Elas sabiam que Deus jamais as abandonaria, independente das circunstâncias (KISTEMAKER, 2006, p. 168)

O vocábulo grego  “filhas” usa-se metaforicamente para indicar afinidade espiritual. O texto diz que as irmãs fazendo isto estariam praticando o bem. A prática do bem na vida do cristão precisa ser regular. Existe um fator que me leva a fazer ou não fazer a vontade de Deus. Este fator é o conhecimento da Palavra de Deus. Com o conhecimento do que Deus requer e a devida prática tenho uma consciência correta diante de Deus. Bavinck em sua Teologia Dogmática volume IV diz

A conversão é um assunto do coração (Jr 3.10; Lc 1.17; At 16.14; Rm 2.29; 10.10). As pessoas que honram a Deus com seus lábios mantêm seu coração longe dele (Is 29.13; Mt 15.8), dizem “Senhor! Senhor!”, mas não fazem sua vontade (Mt 7.21), e despertam sua ira. No entanto, ele tem prazer naqueles que têm um espírito contrito e humilde (SI 51.17; 138.6; Is 57.15; Tg 4.6;  l Pe 5.5). (BAVINCK, 2012, p. 166)

Dito isto as santas de Deus deve compreender a sua luta, pois são bombardeadas todo dia por pressupostos feministas que apregoam rebelião à ordem que Deus estabeleceu: nas novelas, filmes, seriados e comerciais temos exemplos de mulheres que são insubmissas aos maridos. Entretanto, elas devem estar em continua conversão de seus caminhos ao Senhor. Sobre a questão da submissão das santas de Deus do passado, Kistemaker em seu comentário diz o seguinte:

As esposas da Antiguidade “eram submissas a seus próprios maridos”. Quando Pedro exorta as leitoras dessa epístola a submeterem-se aos seus maridos, ele baseia seu conselho numa tradição de longa data. Ele sabe que as mulheres da Antiguidade demonstravam sua submissão com as qualidades interiores, que são de grande valor diante de Deus. (KISTEMAKER, 2006, p. 168)

A insubmissão hoje de muitas mulheres faz com que abandonem a própria sorte seus filhos por causa de carreiras de sucesso, seus lares são invertidos, os homens estão em casa e as mulheres trabalhando, lares onde a presença masculina se tornou algo detestável, algo que está sobrando. Onde a ganância e o desejo de ter mais e mais comprometem a educação e acompanhamento dos filhos. O site got questions.org em sua pagina trouxe uma intrigante questão sobre o trabalho feminino, eis o que diz:

“O que a Bíblia tem a dizer sobre as mulheres que trabalham fora de casa?” Resposta: Se uma mulher deve ou não trabalhar fora de casa é uma pergunta frequente. A Bíblia tem instruções sobre o papel da mulher. Em Tito 2:3-5, Paulo nos dá instruções sobre como uma jovem esposa deve ser treinada pelas mulheres mais velhas: “As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.” Nessa passagem, a Bíblia é bem clara que quando há crianças na situação, elas são a responsabilidade principal da jovem esposa. O dever das mulheres mais velhas é de ensinar as mulheres jovens a viver uma vida que glorifique a Deus. Mantendo estas responsabilidades em mente, o tempo da mulher mais idosa pode ser gasto de acordo com a direção do Senhor e de acordo com o seu próprio critério.  Provérbios 31 fala da “mulher virtuosa”. Começando com versículo 11, o escritor elogia essa mulher como uma que faz tudo que está ao seu poder para cuidar de sua família. Ela trabalha duro para cuidar de seu lar e manter sua família em ordem. Versículos 16, 18, 24 e 25 mostram que ela é tão industriosa que sua lâmpada não se apaga de noite para providenciar rendimento adicional para sua família. A motivação dessa mulher é importante porque suas atividades de renda eram um meio para alcançar seu objetivo final, não um objetivo em si. Ela estava providenciando para sua família, não investindo em sua carreira, usando sua faculdade ou trabalhando para manter um estilo de vida semelhante ao de outras pessoas. Sua renda estava em segundo plano para sua verdadeira obrigação – a de cuidar de seu marido, filhos e lar.  A Bíblia em nenhum lugar proíbe a mulher de trabalhar fora de casa. No entanto, a Bíblia ensina quais devem ser as prioridades de uma mulher. Se trabalhar fora de casa leva uma mulher a negligenciar seus filhos e marido, então é errado que essa mulher trabalhe fora de casa. Se uma mulher Cristã pode trabalhar fora de casa e ainda sim providenciar um lar amoroso e cuidadoso para seus filhos e marido, então é completamente aceitável que ela trabalhe fora de casa. (Disponível em: ttps://www.gotquestions.org/Portugues/mulheres-trabalham-casa.html acesso em 17 de maio de 2018)

Mais do que nunca é necessário que as santas de Deus conheçam a vontade de Deus para suas vidas. Quanto a questão da criação de filhos é importante que os pais tenham consciência de tal importância que é este trabalho, Groningen em seu livro A Família da Aliança diz:

O que está em foco nessa ordem de modelar as crianças? Modele as crianças. Dê a elas a temas correta. Forme-as, coração, alma e mente. Faça-as como Cristo. Quando Deus nos criou à sua imagem, ele nos fez à sua semelhança, e nós somos chamados a ser criadores da imagem de Deus e de Jesus Cristo. Isso não é fácil. O diabo entrou em todo o panorama da vida. Ele entrou nos lares, igrejas, escolas e comunidades. Ele está trabalhando em todos os lugares. Sua operação deve ser rechaçada mas ao mesmo tempo nós temos um trabalho a fazer em favor de Jesus Cristo como mediadores do reino e da Aliança. Às vezes o nosso trabalho é dolorido, papais e mamães! Nós que somos avós devemos encorajar os nossos filhos a fazer o mesmo com os nossos netos. Isso requer sabedoria! Muitas vezes é tocante ver os nossos filhos casados. Sim, é um grande privilégio e um abençoado trabalho formar e modelar os filhos. (GRONINGEN, 2002, p. 124)

Irmã tens uma função importante dentro de tua casa no que se refere à criação de teus filhos, eles precisam da mãe presente. Há também outra verdade Deus não te chamou para ser provedor do lar. Deus te fez mulher e como mulher você é a parte frágil que deve ser tratada com dignidade. Caso precisa trabalhar, trabalhe, todavia dentro de tua limitação. Lembre-se que seu trabalho fundamental é ser mulher e mãe. Groningen em seu livro A Família da Aliança diz: “Não existe nenhuma situação em nossas vidas em que estejamos isentos de estar moldando, esculpindo, formando nossos filhos à imagem de Jesus Cristo” (GRONINGEN, 2002, p. 128)

As Escrituras falando sobre a mulher virtuosa diz: “No tocante à sua casa, não teme a neve, pois todos andam vestidos de lã escarlate. Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura. Seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra.  Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e dá cintas aos mercadores. A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações. Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.  Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas”. Provérbios 31:21-29.

E quanto ao homem? Será que as Escritura trazem alguma instrução? É dentro da estrutura familiar que os apóstolos trouxeram as novas ideias acerca do valor do individuo e das relações conjugais e familiares. Sobre o papel do marido no mundo do primeiro século é interessante observarmos as seguintes informações

O homem tinha um papel dominante na família. Tinha uma autoridade absoluta sobre seus filhos (pátrio poder) e escravos. As esposas permaneciam debaixo da autoridade de seus pais. Os homens ocupavam seu tempo entre negócios e atividades sociais como banquetes e nos ginásios que incluíam instalações para exercícios, piscinas e salas de conferências – funcionavam como centros comunitários. Quando da ausência do esposo a esposa é quem assumia seus negócios. Administrar era a responsabilidade primária da esposa. Ferguson transcreve o que o escritor grego Apolodoro registrou: “Temos cortesãs para o prazer, criadas para a atenção cotidiana do corpo, esposas para ter filhos e para serem guardiãs confiáveis dos negócios da casa” (2003, p. 77). (Disponível em http://reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/09/o-mundo-do-apostolo-paulo-estrutura.html. acessado em 17 de maio de 2018)

Dito isto a questão agora que precisamos trabalhar é como as Escrituras tratam o papel do homem no lar. Será que este homem tem responsabilidade pactual? Groningen em seu livro: A Família da Aliança diz:

Cristo, que é a fonte da sabedoria deve ser chamado. Olhe para ele como um modelo. Procure ser como Cristo na família, assim como Cristo o é na Igreja. Ao seguir a Cristo, poderemos demonstrar amor, autoridade, capacidade, prontidão para prover, demonstrando sabedoria na nossa família. (GRONINGEN, 2002, p. 79)

O homem cristão deve procurar se espelhar no Senhor Jesus, só Ele é o exemplo perfeito daquilo que o Senhor Deus quer que sejamos.

Autor: Rev. Jaziel Cunha (Pastor no Campo Missionário da Grande Recife)