“Uma Igreja em Boa Ordem é uma Igreja que Evangeliza”

“Como um Casal Cristão tem que se Portar”
24 de setembro de 2018
“Uma Igreja em Boa Ordem se Mantém em Ordem (1 Reis 4)”
17 de janeiro de 2019
“Uma Igreja em Boa Ordem é uma Igreja que Evangeliza”

Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Romanos 1.16

Antes de ascender aos céus, Cristo deixou suas últimas instruções aos discípulos. Nelas encontramos a grande comissão (Mateus 28.18-20) e a declaração de que eles seriam Suas testemunhas (Atos 1.8).

A Igreja é uma comunidade adoradora, tendo como principal finalidade glorificar a Deus. Fomos chamados a adorá-lo. Uma coisa interessante a se notar é que a Grande Comissão se dá em um contexto de adoração.  Este é um detalhe que muitas vezes passa despercebido, porém quando Jesus deu aos seus discípulos a grande comissão, eles estavam adorando. Mateus 28.17 diz: “E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram”.

 A narrativa de Mateus ilustra que a adoração comunitária fornece o fundamento sobre o qual o restante da Grande Comissão é edificado. John Piper disse que a adoração é o combustível e a meta das missões (Piper, J. Alegrem-se os povos, 2001, p. 13).

Outro detalhe interessante é que enquanto evangelizava a mulher samaritana, o tema da conversa que Jesus teve com ela foi sobre adoração (João 4.7-26). Uma igreja em boa ordem, primeiro, adora a Deus e, então, evangeliza.

Evangelismo deve ser visto como um estilo de vida, não como um apêndice ou alguns momentos especiais.

O Dr. Augustus Nicodemus, em um artigo intitulado Paulo, Plantador de Igrejas: Repensando Fundamentos Bíblicos da Obra Missionária, faz algumas ponderações interessantes a respeito de uma pesquisa feita por Thom Rainer entre as 576 igrejas norte americanas que evangelizam de modo mais eficaz.

Ele destaca que a maioria destas igrejas não faz uso de campanhas evangelísticas. Elas consideram tais campanhas ineficazes. Elas gastam muito dinheiro, recursos e tempo na preparação, e somente uns poucos dos que se decidem durante o evento acabam ficando e sendo batizados nas igrejas. Em geral, as igrejas que mais crescem são as que simplesmente mantêm sua programação regular de cultos. Ele ainda destaca que, na maioria das igrejas que estão crescendo, o número maior de convertidos vêm dos cultos regulares, especialmente aos domingos. Alguns estudiosos têm defendido o que chamam de “igrejas de sete dias por semana,” que oferecem toda sorte de atividades à comunidade, como creches, escolas, e outros ministérios. Alguns até mesmo defendem que há estreita relação entre essas atividades semanais e o crescimento de igrejas. A pesquisa, no entanto, mostra outra coisa.

Bem, se não há campanhas especiais de evangelização e as conversões têm ocorrido na programação normal da igreja, como isso acontece, como as pessoas chegam à igreja? Elas são levadas pelos crentes. Os membros da igreja evangelizam, com suas vidas e pregação, aos familiares, vizinhos, colegas de trabalho, colegas de escola, etc.

Em resumo, a pesquisa demonstrou que as igrejas que têm sido melhor sucedidas em sua tarefa de alcançar os perdidos são aquelas que têm focalizado no que é básico: pregação bíblica, oração, testemunho pessoal e treinamento bíblico na Escola Dominical. Essas igrejas abraçaram as metodologias que desenvolvem e aprofundam estes pontos fundamentais, e rejeitaram as que se desviam deles, tais como cultos jovens, cultos mais informais, concertos, encontro de solteiros e viúvos, etc. Em resumo, estas igrejas têm feito da obra evangelística um estilo de vida. (www.teologiaparatodos.com.br/Promocionais/PAULO-PLANTADORDEIGREJAS.pdf).

No estudo da teologia temos um capítulo chamado de Soteriologia, ou seja, estudo da salvação. Neste ponto estudamos como ocorre a salvação, e ali vemos que primeiro Deus chama o pecador pela Palavra, e então o Espírito Santo lhe dá um novo coração. O pecador então crê e se arrepende de seus pecados. Deus o perdoa e o declara justo com base na justiça de Cristo. O pecador é adotado como filho e inicia um processo de santificação que será concluído na glorificação.

O receber um novo coração, ser justificado e adotado são obras exclusivas de Deus, porém a salvação começa com um chamado que é feito pela igreja através da pregação e vivência do Evangelho. Isto mostra porque, segundo a pesquisa, são as igrejas que se dedicam a viver de modo digno do Evangelho as que mais eficazmente evangelizam.

Uma igreja em boa ordem não pode pensar em missões apenas como algo distante. Se olharmos para Atos 1.8, veremos que há quem vai pregar até os confins da terra, mas há também os que pregam em Jerusalém. Há uma frase sobre missões que não aprecio muito: Missões se faz com pés que vão, joelhos que se dobram em oração e mãos que contribuem. Não gosto, não porque esteja absolutamente errada, mas porque ela dá a impressão de que é possível terceirizar a responsabilidade de evangelizar, ou seja, não posso ir evangelizar, mas pago alguém para fazer isso por mim.

Missões se faz com quem vai, mas também com quem fica. Quão triste é sustentar um missionário para que pregue a ímpios distantes enquanto os ímpios de perto estão indo para o inferno.

Sempre que se pensa em missões é preciso lembrar dos moravianos. Este grupo nasceu no século 18 na Morávia e, em 27 de agosto de 1727, 24 homens e 24 mulheres comprometeram-se a orar 1 hora por dia por missões de forma sequencial, o que garantia que, nas 24 horas do dia, sempre haveria 2 pessoas orando por missões. Isto durou mais de 100 anos. Conforme alguém morria, outro entrava em seu lugar, mas algo de muito interessante no grupo era o fato de que quem entrava no grupo tinha que se comprometer a não orar por aquilo que não estivesse disposto a fazer. Logo, cada um orava tanto se colocando a disposição para pregar nos confins da terra quanto para evangelizar as pessoas do lugar onde estava.

A Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil precisa ser uma Igreja firme na doutrina, proclamadora fiel da Palavra de Deus, adoradora verdadeira e, assim, uma Igreja que não tem programas de evangelização, mas um estilo de vida que evangeliza.

Deus nos abençoe.

Rev. Welerson Alves Duarte

Presidente da Assembleia Geral e Pastor da Igreja de São Bernardo do Campo em São Paulo